sábado, 19 de fevereiro de 2011

Fernando Pessoa, o Heteropoeta da Língua Portuguesa

Impossível falar de Poesia em Língua Portuguesa e não lembrar de um dos maiores representantes desse gênero. Fernando Pessoa é chamado por muitos de “heteropoeta” pois, ao longo de toda sua produção literária, criou vários autores heterônimos, com características literárias distintas e percebíveis; os mais conhecidos são Alberto Caeiro, Ricardo Reis e Álvaro de Campos.
E por que será que ele se dividiu em tantos?
Fernando Pessoa procurou reproduzir em sua literatura algumas questões que o perseguiram durante a sua vida, como por exemplo, o desdobramento do “eu” e a multiplicação de identidades. Ao construir heterônimos tão diferentes e de altíssimo nível literário, ele só prova o quanto é genial; é tanto talento que não cabe em uma pessoa só.

É o próprio Pessoa que assina um dos poemas mais conhecidos em todo o mundo:

Mar Português

Ó mar salgado, quanto do teu sal 
São lágrimas de Portugal! 
Por te cruzarmos, quantas mães choraram, 
Quantos filhos em vão rezaram! 
Quantas noivas ficaram por casar 
Para que fosses nosso, ó mar! 

Valeu a pena? Tudo vale a pena 
Se a alma não é pequena. 
Quem quer passar além do Bojador 
Tem que passar além da dor. 
Deus ao mar o perigo e o abismo deu, 
Mas nele é que espelhou o céu.
 (Fernando Pessoa)

É nesse poema que encontramos a célebre frase: “Tudo vale a pena | Se a alma não é pequena”, citada para fazer referência aos portugueses que deixaram o país em viagens marítimas, ao longo dos séculos, sobretudo durante o século XVI, período de maior ascensão de Portugal sobre o resto do mundo.

Pesquisando sobre a biografia de Fernando Pessoa, encontrei o livroclip “Fernando Pessoa em 8 porradas”,  que explica de forma bem descontraída e didática o quão dura foi a vida desse gênio da nossa literatura:


Caso você queira conhecer um pouco mais da poética pessoana, a sugestão é esse livro, editado pela L&PM Editores, na coleção pocket: “Poesias”, reúne uma bem construída seleção de poemas assinados por Pessoa e pelos heterônimos Caeiro, Reis e Campos.



Para finalizar, apresento um poema que traz presente outra inquietação de Fernando Pessoa, a "sinceridade pelo fingimento":


Autopsicografia

O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.
(Fernando Pessoa)


Postagem de Vinícius Dill S.

11 comentários:

  1. Maior que o Pessoa não tem! grande poeta, grande homem, grande lição de vida nos deixou.

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  2. Amo os poemas de Fernando Pessoa, quero ler a biografia dele, não sabia de sua história de vida.

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  3. "Tudo vale a pena quando a alma não é pequena." Fera!!

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  4. Fernando Pessoa merece ser lembrado sempre e sempre...

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  5. Amei o texto, e o vídeo. Grande homem.

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  6. Verdadeiro g~enio esse Pessoa, não há outra palavra que o defina.

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  7. Parabéns pelo post e homenagem a esse gigante da Literatura que se mostrou Fernando Pessoa. Já li esse livro apresentado aqui, e achei maravilhoso. Altamente recomendado.

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  8. Fernando Pessoa é o maior! Sem dúvidas!

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  9. PArabéns pelo blog...
    O achei por acaso, mas gostei muito do que aqui li.
    Infomo que farei uso de uma imagem daqui, espero que não se importe.
    Ps. darei o crédito.
    abraço

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